Monótono

De certa forma eu achei que estava começando uma "vida" nova, mas fiquei presa naquele passado....Esse mesmo. Naqueles exatos momentos em que sentia tudo aquilo de novo. Aquela dor inimaginável que me acorrentou por muito tempo e que acreditava ter saído a muito tempo. Você sente que é um pesadelo e o que mais quer é não ter tido aquela impressão de estar caindo e perceber que não está mais tão assustada como antes. Não há preocupações. Não há ninguém na esquina esperando para te assaltar.
Estou tão acostumada de nada dar certo que ultrapassei aquele tempo em que criava paranóias para dizer que provavelmente nada ia pra frente, e já era tatuado, reconhecido no cartório e tudo. As famosas pequenas paranóias continuam dando oi por aí e as crises super esperadas todo fim de semana nem precisam marcar hora.
Lotei o congelador de sorvete e esperam volutariamente a seção Mari em crise começar todo finalzinho de sexta feira à tarde. Reclamações, berros, socos no travesseiro e por aí segue o final de semana que era para ser ao menos o melhorzinho do mês.
Eu deveria ser presa. Presa por não conseguir me divertir mais em um parque de diversões, ter uma visão tão preto e branco idiota de seja qual for a coisa. Engano-me a todo momento, olhando para mim mesma e dizendo que vai ficar tudo bem. "Não moça, hoje não é meu dia".Nunca é.
Por que pego o pote de sorvete e finjo estar mudando algo além de entrar uns quilos aqui, ali e a minha calça favorita não entrar mais? Deve ser porque sinto a necessidade de algo mais doce. Um combustível pra afundar de vez nesse copo de limonada e me condenar mentalmente por causar a minha própria destruição sem ação de mãos alheias.
Gosto de ver sofrimentos alheios, não para rir da desgraça dos outros, mas para tentar me achar normal ou ao menos agradecer por tentar dizer o que sinto através de séries ou filmes ferrados que não passam de desgraças que querem sempre no final dizer que tudo se resolve de um jeito ou de outro. Caso um  desses fosse o meu filme, ninguém entraria pra ver, porque seria uma confusão generalizada.
Ta aí uma pergunta, e novamente, ou melhor, como sempre, não tenho uma resposta. Até hoje corro e fico a esperar alguma coisa acontecer pra poder acordar disso tudo.
Por que a gente tem que ser a gente. Por que eu tenho que ser eu? Por que peguei esse pote de sorvete e fingi estar mudando algo? 
Porque eu realmente quis acreditar que esse é o máximo que posso fazer até aqui.




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