Pontos sós



(improviso para o desabafo, por que algo além de mim precisava ir embora. )

Leia escutando : Seafret - Atlantis

As vezes eu fico me perguntando; porque eu gosto tanto do Bukowski? 
-Porque sou fodidamente chata e o amor é tudo que dizemos que não era. 
Bukowski é como uma amiga, direta e objetiva que te impede de fazer merda, te faz tomar aquele copo doloroso de sinceridade a seco - tosco e obsceno.

Sei lá sabe, a gente fica sempre esperando alguma mão nos puxar para cima, e não é bem assim - essa é a merda; nós somos  forçados a nos salvarmos sozinhos, porque é considerado que ser humano merece ser salvo por si só, e têm um pingo de autoconhecimento para ser responsável pela sua própria jornada ao fundo do poço. - discordo totalmente, há tanta gente desequilibrada estúpida que mal sabe o número do próprio celular, e todo o resto é idiota demais para olhar os alheios.

Tem dias que eu me canso de qualquer intelecto, me canso de ter que batalhar por cada espaço de ar e espírito. mas a vida deve continuar. somos finos como papel, agimos como material de condução; do qual a vida deve passar em determinada intensidade e reagimos de acordo com a nossa condutibilidade material. os pedacinhos de nós nem sempre estão associados, e quando tomamos distancia. existimos por acaso. temporariamente. podemos mudar de cabelo, fazer cirurgias plásticas, meditar durante anos no pico da neblina, e, nada vai mudar. você vai mudar a si mesmo para ser aceitável mas talvez isso também esteja errado.
estamos sempre prontos para consumar algum adeus. Somos transitórios e carecemos de desaprovações, de despedidas e uma sucessão de consequências ordinárias que mal sabemos se merecemos - de novo, precisamos nos conquistar para saber se merecemos ser salvos, porque, uma vez que estamos encontrando as pessoas, descobrimos que queremos voltar para a nossa caverna.

precisamos nos aliviar, tirar uns quilos de aflição, porque uma hora tudo dói, tudo nos atravessa feito bala. nos rasgamos e nos reciclamos, de novo, e nada muda. 

costuma-se romantizar o que rasga o peito; o amor que por ora foi bom e doeu mais do que deveria na hora de sucumbir. desmoronamos e romantizamos - porque é bonito, porque quando se  finda configura o crescimento. romantiza-se o que dói, o que atropela sem prestar socorro - porque se o amor sepulta, ninguém  tem capacidade de prestar tutela. além de levar as roupas do armário. se parte. e não se  pode culpar a chuva que despencou pela manhã, a chave de casa que você esqueceu e teve que voltar para pegar. não é uma situação cumulativa da qual uma sucessão de fatos se decorrem e um dia você acorda e decide que não há mais amor porque o café esfriou - esquenta de novo, coloca no micro-ondas, toma em duas goladas e vai trabalhar.  
parece que tudo gangrena dentro do peito e ainda, de auto consolo no vazio da alma, antes de qualquer frase sobre o assunto ecoa um "mas" -seria uma salvação, algum sinal de suficiência? afinal, o que estamos fazendo? tudo gasta o nosso tempo. 
alguns idiotas irão bater na sua porta, sentar numa cadeira e consumir o seu tempo sem te acrescentar nada, nada além de lamúrias da vida, essa, que está prestes a cavar a sua cova. não irão fazer nada além de gastar o seu tempo e lembrar que, assim como os homens mais primitivos, temos um ciclo. até alguém terminar de dizer a palavra " morte", morremos, ali. e o terrível não é a morte, mas a vida que as pessoas vivem ou não vivem até suas mortes, até que não se sobre mais nada para morrer.

Esperamos pela ausência do amor, sonhos, objetivos e consequentemente pobreza existencial da mente. esperamos que o  suplício tome a nossa essência. E tudo volte ao nada.



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